quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Eu, quando pequeno, perguntava-me o que era poesia; mas nunca soube responder a pergunta que eu mesmo fazia, talvez porque o momento estivesse engendrando a própria poesia.

Hoje, quando me perguntam sobre a poesia, eu digo que ela está por aí, tomando um cafezinho e esperando para ser encontrada. Peço desculpas a quem me pergunta, pois não sei ao certo definir. Poesia é tudo isto aqui: esta é a melhor forma como posso definir.

Se existe algo que me incomoda é alguém "fazer" poesia. Não se faz poesia, simplesmente porque seria um sacrilégio contra a mesma. Ela aparece como sol e refresco, raio e relâmpago, cigarro e café; vive por aí, morrendo na aurora e ressurgindo ao anoitecer. Na chuva, nas flautas e nas ruas do Rio de Janeiro: a poesia está em todo e qualquer lugar onde possamos encontrá-la.

Às árvores

Árvores são gigantes majestosos que nos fascinam. Este post é dedicado a elas.

Árvore

A árvore traz consigo o espírito das mudas:
limita-se ao silêncio até não mais existir.

Há sonhos que são árvores plantadas dentro de nós.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Quarta-feira. No meio do tiroteio, o Sol nem mostra a cara. Pastos verdejantes celebrando a vastidão no meio do vazio. O verde não é tão vasto quanto o vazio desta quarta-feira.

Eco

Cáucaso ou Andes,
o elo é:
um grito no silêncio
será sempre
'grito, grito, grito'.

Melhor que seja silêncio.
Se realmente há uma dádiva divina com a qual Deus agraciou o homem, essa dádiva é a mentira. Ela, mediadora de todos os sentidos, recebeu, injustamente, a alcunha de filha do Diabo.

Não há por que negar: a mentira reina sobre o homem, subjugando cada visão, cada sentido, para que nela creiam cegamente. E faz isto tão bem, que chegam acreditar que ela é a própria verdade.

A Mãe Natureza, juntamente à sua irmã Mentira, pintou o mundo à sua imagem e semelhança, criando uma aquarela etérea e sombria, celestial e diabólica. O que é a existência, senão produto da própria mentira?

Nada se toca, nada se vê: tudo é registro do passado, produto da mentira. Presente e futuro? Balelas! Não passam de pura abstração. A mentira é o real; ela está ali presente, como raízes de uma grande Major Oak. Sendo assim, é a mentira responsável por todas as sensações. Ode, pois, à mentira!

Ah! que inveja daqueles que, à fé jurada, derramam a sua perfídia sobre a mesa, num banquete esplêndido diante dos deuses, ousando da mentira, que, com suas longas pernas, invade os Elísios, recônditos no vasto pensamento olímpico de cada um ali presente. E não vá se enganar: não há sensação mais efusiva que a de ser ludibriado por uma bela mentira!